AFINAL, HAVIA OUTRA... 

De há uns dias a esta parte, especialmente os órgãos de comunicação social afectos ao Grupo Impresa, estão a transformar um mero caso de polícia, a saber, uma simples detenção de um individuo por dois agentes da PSP, no Bairro Alto, num processo digno de ser julgado, tal é a gravidade que lhe querem imputar, no Tribunal Penal Internacional de Haia.

Contextualizando, aparentemente, a polícia terá sido chamada ao local porque foi informada que andava um individuo, com comportamento agressivo, a importunar várias pessoas, no Bairro Alto, em lisboa.

Dois agentes da PSP deslocaram-se ao local e terão abordado o dito suspeito, o qual terá supostamente tido uma atitude agressiva e ter-se-á negado a identificar aos agentes da autoridade.

Ao que tudo indica os dois agentes da PSP terão recorrido ao uso da força, incluindo à utilização de um bastão policial, por forma a algemá-lo, já que pelas imagens que estavam disponiveis no domingo, o dito suspeito não queria acatar as ordens dos policias e parecia ameaçá-los com aquilo que pereciam ser duas barras e acabaram, por fim, por conseguir levar o dito homem para a esquadra de onde terá saído, pelas 22 horas do mesmo dia.

Entretanto é divulgado, nas redes sociais, por um alegado “jornalista brasileiro anónimo", um vídeo - editado – onde só se mostrava uma parte da ocorrência, mas onde já se via – com toda a clareza – o tal homem a empunhar as tais duas barras à frente dos agentes da PSP.

Só que, na altura, era por demais evidente, que não era possível visionar a totalidade do sucedido, mas só a sua edição...

Nas partilhas e nos comentários das redes sociais é criticada (para variar) a actuação da PSP, com sugestões de que há motivações racistas e xenófobas por detrás deste caso, pelo facto do cidadão envolvido ser negro e eventualmente estrangeiro (?)...

Face à comoção social originada nas redes sociais (sobertudo pela esquerda "woke") o MAI, adepto do "politicamente correcto" como é sobejamente sabido, determinou à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) a abertura de um processo de inquérito para apuramento dos factos, atento que o “alegado jornalista brasileiro” acusou a PSP de "racismo e de xenofobia". 

Na noite de domingo, dia 14 de agosto, na SIC Noticias, o jornalista Rodrigo Pratas, num dos blocos informativos, questionava, em directo, um representante sindical da PSP se “um joelho no pescoço de um cidadão é um procedimento normal ensinado na escola da polícia?"...

A SIC Noticias, ontem, na sua versão online atualiza a manchete para: “Homem diz ter sido provocado pelos agentes da PSP.” 

Só que, entretanto, o jornal Expresso, na versão online, já no fim da manhã de ontem, noticia que, afinal, os “dois minutos iniciais que tinham sido cortados do vídeo partilhado nas redes sociais parecem ir ao encontro da versão da PSP de que o homem tinha ameaçado os dois agentes com objetos de metal (...)” 

A mim só me espanta como é que um “pseudo jornalista”, oriundo de um país que o Relatório de 2022 do Global Peace Index coloca na 127ª posição (apesar de tudo, subiu um lugar em relação ao ano passado) entre 163 países, 14 posições à frente de nações como a Ucrânia, que neste momento está em guerra com a Federação Russa, mas que há muito que viviam situações de conflito armado nas regiões separatistas do Donbass, venha criticar a actuação das forças de segurança de Portugal, que ficou em 6º lugar. É preciso ser-se muito xenófofo e pelos vistos ser também muito desonesto (já que sonegou parte da informação jornalística, ao editar dolosamente o vídeo) para se agir desta maneira...

Recordo, que embora as posições mudem, as pontuações de Portugal têm sido bastante consistentes nos últimos cinco anos.

De salientar, por exemplo, que a vizinha Espanha está em 29º lugar, o Reino Unido em 34º, a Itália em 32º e França em 65º. Apenas 12 países de 163 no índice estão no grupo mais pacífico do mundo. Na extremidade inferior estão a Síria, o Iêmen e o Afeganistão (163º lugar). Ucrânia está na 153ª posição, caindo 17 lugares, mas será reajustada no próximo ano.

O mundo agora está manisfestamente menos pacífico do que estava no início da eleboração deste índice, em 2008. A queda na paz e na segurança, desde 2008, foram causadas por uma ampla gama de factores, incluindo:

• aumento de manifestações violentas;

• a intensificação dos conflitos no Oriente Médio, África e Rússia e Eurásia;

• crescentes tensões regionais na Europa e no Nordeste da Ásia;

• número crescente de refugiados;

• aumento das tensões políticas na Europa e nos EUA; e

• mais recentemente, impactos da pandemia de COVID-19.

O GPI abrange 163 países, compreendendo 99,7% da população mundial, usando 23 indicadores qualitativos e quantitativos de fontes altamente respeitadas e mede o estado de paz em três domínios: o nível de segurança e proteção social; a extensão do Conflito Doméstico e Internacional em Curso; e o grau de militarização.

O GPI mede o nível de paz negativa de um país usando três domínios de paz. O primeiro domínio, Conflito Doméstico e Internacional Contínuo, usa seis indicadores estatísticos para investigar até que ponto os países estão envolvidos em conflitos internos e externos, bem como seu papel e duração do envolvimento em conflitos.

O segundo domínio avalia o nível de harmonia ou de discórdia dentro de uma nação; onze indicadores avaliam amplamente o que pode ser descrito como Segurança e Proteção Social. A afirmação é que baixas taxas de criminalidade, atividade terrorista mínima e manifestações violentas, relações harmoniosas com os países vizinhos, um cenário político estável e uma pequena proporção da população sendo deslocada internamente ou refugiada podem ser equiparadas à paz.

Para mim o mais preocupante é não tanto como é tanto como esta esquerda “woke” nos perceciona a nós, portugueses, mas sim, o facto de nós já acharmos que a violência policial e o tal “racismo estrutural” já fazerem parte do nosso quotidiano e não sermos capazes de perceber que são os outros que estão a ver mal e não nós que nada temos a temer.

A violência e o racismo não são, nem nunca serão o novo normal.